domingo, 21 de agosto de 2011

Clinicopathological evaluation of in vivo epidermal nuclear fluorescence.

Clinicopathological evaluation of in vivo epidermal nuclear fluorescence.
J. X. Sousa Jr, D. Miyamoto, J. M. Zimbres, D. V. Costa and V. Aoki 
Clinical and Experimental Dermatology, 34, 314–318


INTRODUÇÃO: Os autores pretendem estudar o significado clínico da fluorescência nuclear em ceratinócitos. O critério de inclusão foram casos que mostraram positividade para a IFD (auto-anticorpos IgM, IgG, IgA) ou complemento (C3) ligados ao núcleo dos ceratinócitos.

Os autores concluíram que a presença de fatores anti-nucleares in vivo (ANAs) mostraram-se instrumentos interessantes para o diagnóstico das doenças do tecido conjuntivo (CTD), dado que, em 21 de 28 pacientes, o diagnóstico de CTD sistêmica foi confirmado, o que levou os autores a considerar que o VPP para CTD nesse estudo foi de 75%. A IFD em núcleos da epiderme é um fenômeno in vivo que pode preceder o apareceimento de doença do colágeno ou outras doenças inflamatórias/autoimunes. É útil como método complementar no diagnóstico de CTDs se correlacionada a outros achados clínicos, laboratoriais e de evolução da doença.

COMENTÁRIOS SOBRE O TRABALHO: A fluorescência nuclear em epidérmica nas reações de IFD eram consideradas um fenômeno in vitro geralmente relacionado a artefatos técnicos. No entanto, posteriormente, foram conseguidas evidências dessa ocorrência in vivo. m(1, 2) Portanto, a hipótese prévia que os ANA são fenômenos in vitro fora abandonada após a demonstração da internalização dos anticorpos pelas células vivas. (4, 5) Um mecanismo possível para explicar como os autoanticorpos penetram nos ceratinócitos é o “Fc-receptor-mediated endocytosis”. Outra hipótese seria a ligação dos auto-anticorpos a antígenos da superfíce dos auto-anticorpos com sua posterior internalização. Os achados dos presente trabalho corroboram o de outros pesquisadores (4.10.11.15) que sugerem que os auto-anticorpos.

A prevalência dos ANA in vivo varia muito conforme o foco da doença mas é frequentemente encontrada no Lupus Eritematoso Sistêmico (SLE), na doença mista do colágeno (MCTD) e na esclerose sistêmica (SS).

Usando a IFD, o ANA in vivo, principalmente com o IgG, podem ser detectados em condições auto-imunes, em pacientes assintomáticos ou com lesões. (7) O presente trabalho mostrou 3.2% de ocorrência desse fenômeno que está dentro do que se espera na literatura atula (1-10%).

RESULTADOS: De 869 espécimes com suspeita de CTD, 28 mostraram IFD+ nos núcleos dos ceratinócitos da epiderme e forma incluídos no estudo. Anticorpos antinucleares epidérmicos (ANA epidérmicos) do tipo IgG foram detectados em 26 de 28 casos. Destes 28 casos, 22 apresentaram ID apenas de IgG. Os demais 4 casos mostram associações do tipo IgA + C3; IgM apenas; IgA + IgM; e C3 sozinho. Em dois de 28 pacientes, a IF nuclear foi de IgA ou C3. 15 dos 28 paciente exibiram ID nucleares na zona da membrana basal (BMZ), sendo a IgM a mais encontrada nesses casos (12 de 15). DESTES 15, 7 exibiram um padrão misto (IgM, IgA, C3 e/ou IgG). Dos 15 pacientes com anticorpos anti-nucleares associados a depoósitos na BMZ. As doenças que se relacionaram com o ANA in vivo for a SLE (n=9); MCDT (n=3); Síndromes com superposição “overlap syndrome” (n = 3) e vasculites com sorologia anormal (n=3). Oa achados cutaneous associados aos ID de ANA in vivo são patches eritematoescamosas. Púrpura e petéquia, lesões urticariformes e bolhas. O ANA sérico foi positivo em 20 pacientes com títulos de 1:160 a 1:1280. Três pacientes que foram negativos para ANA sérico depois se positivaram em análises subsequentes.

REFERÊNCIAS CITADAS NO TRABALHO:
(1) Izuno GT. Observations on the in vivo reaction of anti- nuclear antibodies with epidermal cells. Br J Dermatol 1978; 4: 391–8. (2) Alarcon-Segovia D. Eppur penetra – proceedings of the second international conference on the penetration of autoantibodies into living cells (Part II). J Autoimmun 1998; 11: 509–10.  (3) Rodrigues CJ, Oliveira RM, Taniwaki NN et al. Epidermal nuclear immunoglobulin deposition in connective tissue diseases. Rev Hosp Clin Fac Med São Paulo 1990; 45: 154–7. (4) Alarcon-Segovia D, Ruiz-Arguelles A, Fishbein E. Antibody to nuclear ribonucleoprotein penetrates live mononuclear cells through Fc receptors. Nature 1978; 271: 67–9. (5) Alarcon-Segovia D, Ruiz-Arguelles A, LLorente L. Broken dogma. Penetration of autoantibodies into living cells. Immunol Today 1996; 17: 163–4.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

U-serrated immunodeposition pattern differentiates type VII collagen targeting bullous diseases from other subepidermal bullous autoimmune diseases

U-serrated immunodeposition pattern differentiates type VII collagen 
targeting bullous diseases from other subepidermal bullous autoimmune diseases 
R. M. Vodegel et al. British Journal of Dermatology 2004; 151: 112–118.

Os autores pretendem indicar uma alternativa baseada na morfologia dos imunodepósitos detectados na Epidermólise Bolhosa Adquirida (EAB) para diagnóstico diferencial com outras entidades que cursam com clivagem subepidérmica e imunodepósitos (ID) lineares. A alternativa para tanto, normalmente, é o mapeamento da topografia dos depósitos depois do Split Skin. No entanto, como os ID lineares podem apresentar uma morfologia serreada em “N” ou em “U”, os autores estudaram a possibilidade dessa propriedade morfológica ser de utilidade.

Em resumo, a detecção do padrão "U" separa a EBA e o SLE-B das demais dermatoses com ID lineares subepidérmicos com grande importância no disgnóstico diferencial entre EBA e o PB anti-epiligrina (que, ao contrário do PB, não pode ser separado da EBA pelo Split Skin).


São caracterizados por ID lineares subepidérmicos: (1) Penfigóide Bolhoso, (2) Penfigóide Gestacional, (3) Penfigóide de Membranas Mucosas, (4) Penfigóide p200, (5) Doença IgA Linear e a (6) EBA. No entanto, apenas a EBA apresenta um padrão dito “u-serreado” desses ID lineares ao longo da MB. As demais entidades exibem um padrão dito “n-serreado”. 

Os autores estudaram 157 pacientes com dermatopatia bolhosa de clivagem subdérmica. Todos mostraram ID lineares. A análise mais detalhada da imagem capturada revelou dois padrões distintos, um linear e outro linear/serreado. O primeiro, ainda, quase sempre vinha acompanhado de áreas n- ou u-serreadas mas os dois padrões de serreamento não foram detectados conjuntamente na mesma amostra. Nas 130 biópsias em que o padrão n-serreado foi detectado, estava relacionado aos diagnósticos de BP, MMP, LAD, AECP ou Penfigóide p200. Nas 27 biópsias que o padrão em U foi detectado, exclusivamente estava associado ao diagnóstico de EBA ou Lupus Bolhoso (SLE B). De importância especial foi a observação que todos os casos de Penfigóide Bolhoso anti-epiligrina (AEPB) foram de padrão n-serreado, enquanto os casos de EBA foram todos de padrão u-serreado. De importância especial porque tanto AEPB e EBA mostram ID no lado dérmico da bolha com o Split-Skin, ou seja, o padrão morfológico do ID (se n ou u) é mais útil para o DD nestes casos do que o mapeamento pelo Split-Skin. 



Do ponto de vista ultra-estrutural, a ligação dos auto-anticorpos contra o colágeno VII em casos de EBA se faz estendendo-se apicalmente em torno dos “rootlets” dos ceratinócitos basais. Em contraste, os ID das outras doenças seguem o hemidesmossomo. O padrão N corresponde à ligação dos auto-antígenos acima da região da sub-lâmina densa. Quando as radículas estão ausentes nas células basais, há como resultante, ID mais ou menos lineares realmente. 


Para que se obtenha sucesso no reconhecimento e obtenção das imagens serreadas, é necessário biopsias perilesionais não ulceradas e virgens de tratamento com corticosteroides tópicos; bons cortes (4 micrômetros ou menos); bom sistema de captura de imagens (as imagens analisadas para esse fim serão aquelas digitalizadas. Importante lembrar que os padrões serreados não são observados em mucosas mas, a biópsia perilesional da pele em pacientes que exclusivamente apresentam lesões de mucosas podem ser úteis para detec’ão dos padrões serreados e diagnóstico diferencial.

Portanto, com relação aos ID lineares subepidérmicos, a detecção de um padrão em U pode separar a EBA e o SLE-B das demais dermatoses (BP, PG, MMP, p200-P, AECP). A separação da EBA do AECP pode ser especialmente útil uma vez que não é possível com a metodologia do split skin.

sábado, 6 de agosto de 2011

Modelo de Laudo (Biópsia de Pele)

Can direct immunofluorescence testing still be accurate if performed on biopsy specimens after brief inadvertent immersion in formalin?

Can direct immunofluorescence testing still be accurate if performed 
on biopsy specimens after brief inadvertent immersion in formalin? 
Joshua Arbesman et al. 
J Am Acad Dermatol 2011; 65:106-11.

O Formol é o fixador padrão para estudo histológico mas não deve ser usado em biópsias de pele que serão remetidas a exame de imunofluorescência (IF). O Meio de Michel (MM) é o meio de transporte padrão utilizado. No entanto, muitas vezes pode haver acidentes e, inadvertidamente, alocação da biópsia para IF em formol e não no MM.


Os autores estudaram o efeito da imersão em formol à 10% de casos levados ao processamento para IF com vistas a se estabelecer um tempo que o espécime pode permanecer em formol sem perder suas propriedades antigênicas e diagnósticas. Casos previamente conhecidos de dermatite herpetiforme (DE), pênfigo vulgar (PV), e Penfigóide Bolhoso (PB) foram expostos ao formol de 2 minutos a 2h. 

(1) A exposição mínima (2 minutos) já causa perda completa dos imunodepósitos necessários ao diagnóstico do pênfigo. (2) A exposiçãoo prolongada causa reação nuclear artefactual pode levar a diagnósticos errôneos de ANA in vivo do lúpus. (3) No intervalo intervalo intermediário de 10min a 2h a IFD de casos sabidamente diagnósticos de PB e DH retiveram níveis variados de ID detectáveis. 

O trabalho apresenta limitações devido ao baixo número de casos estudados (24 biópsias) bem como à baixa variedade de entidades que entraram no estudo (PB, PV e DH) e também por imergir em formol 10% espécimes previamente armazenados em MM, o que não reconstitui fielmente o erro de prática em questão. 


Na figura acima observa-se aos alterações determinadas pelo formol em um caso de pênfigo. Em (A) nota-se o padrão diagnóstico com positividade de membrana na epiderme. Em (B) e (C) nota-se artefato: marcação inespecífica do citoplasma, que foi observada em todos os tempo de imersão da biópsia em formol e que prejudica a detecção de depósitos intercelulares. Em (D) há o artefato de marcação nuclear que pode induzir a erro de interpretação (fator anti-nuclear in vivo do LES). 


Na DH (fotos acima) os ID de IgA granular na derme papilar foram mais resistentes à imersão no formol, no entanto observa-se queda da positividade a partir de 10 min de imersão (D). Aspecto semelhante foi detectado nos depósitos lineares de C3 do PB (preservação até 10 min, com queda do sinal proporcional ao tempo de imersão além da ocorrência de artefatos: fluorescência citoplasmática e depois nuclear). 

Espécimes destiados à IFD mostram graus variados de perda da fluorescência específica quando inadvertidamente imersos em formol. Tal perda é variável no tempo e conforme a doença em questão, sendo a fluorescência para o pênfigo a mais sensível. A epiderme do paciente com pênfigo é mais vulnerável à ação do formol enquanto que na DH e no PB a epiderme ainda protege de certa forma os ID. 

A ocorrência de um espécime ser inadvertidamente imerso em formol, ainda que por poucos minutos, deve imperativamente ser informada ao patologista dado que os artefatos pode induzir a erros de interpretação dos achados. 

Alguns trabalhos mostraram resultados divergentes, com preservação dos ID detectáveis à IFD:

1- Mera SL, Young EW, Bradfield JW. Direct immunofluorescence of skin using formalin-fixed paraffin-embedded sections. J Clin Pathol 1980; 33:365-9.

2- Firth NA, Rich AM, Radden BG, Reade PC. Direct immunofluorescence of oral mucosal biopsies: a comparison of fresh-frozen tissue and formalin-fixed, paraffin-embedded tissue. J Oral Pathol Med 1992; 21:358-63.

Enhanced diagnostic immunofluorescence using biopsies transported in saline.

Enhanced diagnostic immunofluorescence using biopsies transported in saline.  
Robert M Vodegel et al. 
BMC Dermatol. 2004; 4: 10.

Os autores inadvertidamente deixaram uma biópsia em solução salina durante à noite e perceberam uma melhora na relação sinal-fundo (signal-to-noise ratio) na reação de imunofluorescência direta (IFD) em um caso de dermatose bolhosa. A IFD, a rigor, deve ser mantida em solução salina resfriada apenas em casos em que o transporte se fará rapidamente ao laboratório de plantão para receber as amostras (questões de horas). Diante da inesperada melhora no padrão da reação conseguida com esse descuido, os autores realizaram o trabalho testando a alocação de biópsias perilesionais de lesões bolhosas em solução salina (SS) por 24h e 48h, Meio de Michel (MM) por 24h e 48h e o congelamento imediato em nitrogênio líquido. A SS por 24h foi a que apresentou a maior sensibilidade na detecção de imunodepósitos nas dermatoses bolhosas testadas e os autores recomendam a prévia incubação overnight nesse tempo antes mesmo da fixação com o MM ou o congelamento.


Vinte e cinco pacientes sabidamente portadores de doenças que cursam com imunodepósitos (ID) detectáveis à IFD foram estudados, a biopsia prévia para estudo da IFD fora imediatamente congelada em nitrogênio líquido para corte-congelação. Quatro novas biópsias da área peri-leisional foram feitas e depositadas em meios de transporte diferentes: (a) nitrogênio líquido; (b) Meio de Michel por 48h; (c) solução salina por 24h; (d) solução salina por 48h.

Como resultado os pesquisadores perceberam que o (a) material transportado em solução salina foi tecnicamente mais simples de ser cortado ao criostato se comparado ao material transportado em meio de Michel. (b) As biopsias mantidas em solução salina por 24h mostraram menor fluorescência inespecífica da derme, principalmente com relação ao IgG. Aquelas mantidas por 48h mostraram perda do sinal tanto inespecífico quanto o específico e tenderam a negativar aquelas com baixo-sinal. Aquelas que possuíam sinal alto de positividade (+++/3+) mantiveram-se positivas em todos os meios/tempos de permanência. (c) Houve tendência à formação de clivagem artificial (split) no material mantido em salina, principalmente naqueles com 48h. Outras alterações relacionadas à autólise não foram identificadas. O Split artificial foi inclusive proveitoso tanto para o diagnóstico diferencial entre Penfigóide Bolhoso e Epidermólise Bolhosa Adquirida quanto para aumento do sinal da reação uma vez que a bolha formada artificialmente promoveu um fundo escuro. (d) Um caso de Penfigóide de Membrana Mucosa, originalmente fraco para IgG (+) e IgA (+) ficou óbvio na solução salina (tanto 24h quanto 48h) e resultou negativo nos outros meios de transporte.

Diante desses dados os autores concluíram que o transporte em solução salina por 24h é o que mais apresentou positividade para imunodiagnóstico em dermatopatias bolhosas se comparado ao congelamento imediato e à fixação no Meio de Michel. Esses resultados são corroborados por outros autores como Judd e Lever (1) que mostraram o efeito positivo de aumento da sensibilidade da IFD com o armazenamento em solução salina (24h em solução salina 1.5M + tampão fosfato) antes do congelamento. Atribu-se à melhor percepção dos anticorpos por um melhor contraste, uma vez que a diminuição do background realça os ID específicos. Há quem também atribua tal aumento da sensibilidade a uma maior exposição dos epitopos antigênicos. 

Uma desvantagem da solução salina é (a) seu tempo limitado de armazenamento (até 24h) para se conseguir resultados favoráveis. (b) A segunda desvantagem é devido a uma perda parcial de alguns ANA epidérmicos, possivelmente devido à extraçãoo ou degradaçãoo de alguns antígenos nucleares. (3) Há desvantagem também do ponto de vista da preservação das estruturas à histologia dada às alterações de degeneração hidrópica e clivagem da JDE, fenômens que não ocorrem com o transporte no meio de Michel. Por isso não se prescreve salina no caso de estudos de mapeamento de doenças genéticas e para microscopia eletrônica. Para o estudo de dermatoses bolhosas não é a morfologia ideal que conta, mas o sucesso em se detectar baixos limiares de ID, por isso o uso de SS24h é recomendado pelos autores nesses casos. A Solução Salina pode ser usada como meio padrão, em temperatura ambiente, em casos de transporte postal de biópsias para estudo de IF, se a entrega ao laboratório é garantida em até 24 horas. Outra alternativa é manter a biópsia em SS por 24h e depois fixá-la em meio de Michel para transporte. Caso a biópsia chegue imediatamente depois da coleta ao laboratório, os autores recomendam a incubação overnight em SS antes do congelamento para os cortes, para redução da auto-fluorescência dérmica e otimização dos resultados. 

Artigos citados: Judd KP, Lever WF: Correlation of antibodies in skin and serum with disease severity in pemphigus. Arch Dermatol 1979, 115:428-432.

domingo, 31 de julho de 2011

Regiões indicadas para Biópsia

Há 3 (três) situações / topografias diferentes para a biópsia, conforme a suspeita clínica:

(1) DERMATOSES BOLHOSAS: Região perilesional.
(2) VASCULITES: Biópsia lesional (até 48h do aparecimento da lesão).
(3) LUPUS: Lesão antiga reativada.

(1) DERMATOSES BOLHOSAS: As dermatoses bolhosas são preferencialmente biopsiadas, para o imunodiagnóstico pela IF, nas regiões perilesionais. A foto a seguir é ilustrativa de um caso de Dermatite Herpetiforme:


(1.1) Dermatite Herpetiforme: Na imagem a seta vermelha mostra a região preferencial para coleta de biópsia para análise ao HE (lesional), enquanto a seta azul indica a região preferencial para coleta de biópsia para reações de IFD (perilesional). 

Referência: Kárpáti S. An exception within the group of autoimmune blistering diseases: dermatitis herpetiformis, the gluten-sensitive dermopathy. Dermatol Clin. 2011 Jul; 29(3):463-8.

(2) VASCULITES: Biópsia lesional (lesão em atividade há menos de 48h). Em caso de pesquisa de vasculites, a biópsia é lesional ou seja, busca-se lesão ativa, com menos de 48h de ativação, evitando-se áreas ulceradas. A profundidade da biópsia correlaciona-se com o tamanho dos vasos acessados, portanto, vasos de médio calibre necessitam de biopsias que atinjam o subcutâneo. No caso de suspeita de PAN a área central ulcerada sobre o subcutâneo permite o estudo de artérias. 

Não se deve omitir o estudo de IFD. O achado à IFD de depósitos vasculares de IgA é sine qua non para o diagnóstico de Púrpura de Henoch-Scholein e da vasculite por IgA do adulto. A presença dos achados da IFD é inversamente proporcional à idade da lesão. Em casos de vasculite por imunocomplexos, 100% das biopsias apresentarão Ig até 48h, 70% serão positivas entre 48-72h e após 72h Ig não são mais detectadas, muito embora fragmentos do sistema de complemento podem ser detectados em lesões vasculíticas após esse período. 

Referência: Sais G, Vidaller A, Jucgla A, Servitje O, Condom E, Peyri J. Prognostic factors in leukocytoclastic vasculitis: a clinicopatho- logic study of 160 patients. Arch. Dermatol. 1998; 134; 309– 315.

(3) LUPUS

sábado, 30 de julho de 2011

Penfigóide Bolhoso




As imagens acima mostram nítido imunodepósito linear de C3 em pele com clivagem infrabasal / subepidérmica corroborando o diagnóstido de Penfigóide Bolhoso.



Penfigóide bolhoso:  O Penfigóide Bolhoso (PB) é uma dermatose de curso crônico e benigno mais prevalente em pacientes idosos que frequentemente apresentam bolhas tensas em troncos, membros e áreas intertriginosas. As lesões precoces podem ser pobres (em pele normal) ou ricas em células (pele eritematosa) e a clivagem é subepidérmica.


Imunofluorescência: A IFD notam-se depósitos de C3 de padrão linear na pele peri-lesional em 100%. Depósitos de IgG são detectados em 65 a 95%. A presença de depósitos apenas de C3 é dado importante no diagnóstico diferencial com Epidermólise Bolhosa Adquirida (EBA). Nesta, a presença de C3 é quase sempre acompanhada de depósitos também de IgG. Além disso o Split Skin (1, 2 e 3) é útil na diferenciação das entidades. O PB mostra depósitos principalmente no teto da bolha quando se realiza a clivagem da junção dermo-epidérmica com solução de NaCl a 1,0 molar (cliva a pele incubada na zona lúcida). A EBA, por ser de patogênese relacionada a autoimunidade ao colágeno do tipo VII (fibrilas de ancoragem), terá seus imunodepósitos no assoalho da bolha (região dérmica).




Referências: 


1: Woodley DT, Briggaman RA, O'Keefe EJ, Inman AO, Queen LL, Gammon WR. 
Identification of the skin basement-membrane autoantigen in epidermolysis bullosa 
acquisita. N Engl J Med. 1984 Apr 19;310(16):1007-13.  


2: Gammon WR, Briggaman RA, Inman AO 3rd, Queen LL, Wheeler CE. Differentiating 
anti-lamina lucida and anti-sublamina densa anti-BMZ antibodies by indirect 
immunofluorescence on 1.0 M sodium chloride-separated skin. J Invest Dermatol. 
1984 Feb;82(2):139-44. 


3: Gammon WR, Briggaman RA, Inman AO 3rd, Merritt CC, Wheeler CE Jr. Evidence 
supporting a role for immune complex-mediated inflammation in the pathogenesis of 
bullous lesions of systemic lupus erythematosus. J Invest Dermatol. 1983 
Oct;81(4):320-5.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Nefrite Lúpica






A biópsia renal é essencial no estudo do rim de pacientes portadores de Lupus Eritematoso Sistêmico (LES) e está indicada em casos de alteração do sedimento urinário ou da função renal. Isso porque não é possível estabelecer com acurácia o quadro patológico renal baseando-se apenas nos dados clínicos e, ademais, os achado histológicos podem predizer a evolução clínica.

Os achados histológicos do LES são de espectro muito amplo e, por isso, a Organização Mundial de Saúde (OMS) desenvolveu uma classificação que se vale dos achados histológicos à microscopia de luz (HE, PAS e Retículo), bem como dos achados de imunofluorescência e microscopia eletrônica (ME). Tal classificação sofreu modificações pela Sociedade Internacional de Nefrologia. (Markowitz GS, D'Agati VD. Classification of lupus nephritis. Curr Opin Nephrol Hypertens. 2009 May; 18 (3):220-5).

As imagens acima mostram um quadro de Nefrite Lúpica avançada (OMS classe IV) com lesões glomerulares tipo “alça de arame” (“wire-loop”) e abundantes imunodepósitos (C3, IgG, C1q, IgA, IgM) detectados à imunofluorescência direta.

domingo, 10 de julho de 2011

Orientações para envio de amostras para IF

1- A imunofluorescência é feita em material fresco / congelado, por isso este não deve ser acondicionado em formol para envio. No caso de acondicionamento por poucos minutos, em que o transporte se fará imediatamente para o Laboratório CEAP, pode-se usar solução salina resfriada (caixa de isopor com gelo, vide foto abaixo).

2- Quando a amostra for remetida por correio ou quando permanecerá várias horas armazenada, usa-se o Meio de Michel para o acondicionamento da amostra. O fornecimento do meio de Michel pode ser demandado ao Laboratório CEAP e, para quaisquer outras informações, contactar telefax (31) 3241.6855.

3- No caso de dermatopatias, geralmente colhe-se em região perilesional. Variações podem ocorrer conforme os diagnósticos diferenciais em questão. Favor contactar o Laboratório CEAP em caso de dúvidas quanto à topografia a ser biopsiada.

4- No caso de envio por correio, sugere-se uso do meio de Michel. O laboratório CEAP disponibiliza o meio sem ônus. Endereço para envio de amostras: Rua Padre Rolim, n° 515 / 6° andar (sala 604 a 608). Bairro Funcionários | Belo Horizonte - MG CEP 30130-090 | Telefax: (31) 3241.68

Endereço Laboratório CEAP

Rua Padre Rolim, n° 515 / 6° andar (sala 604 a 608).
Bairro Funcionários | Belo Horizonte - MG
CEP 30130-090 | Telefax: (31) 3241.6855

terça-feira, 5 de julho de 2011

Meio de Michel

Se o periodo que o material a ser congelado para a reação de imunofluorescência for curto (se for ser transportado na mesma cidade a curtas distâncias) o ideal é manter em solução salina, em isopor com gelo. No caso de ser transportado por períodos mais longos ou por correiro o que se recomenda é o armazenamento e transporte no meio de Michel. [Michel 1972; Elias 1982].

Seu preparo pode ser feito da seguinte forma:

Ácido cítrico anidro (FW 192.3): 4.803g
Sulfato de Amônio (FW 132.14): 412.3g
N-etilmaleimide (FW 125.13): 625mg
Sulfato de Magnésio (FW 120.37): 1.23g
Água destilada para 1,0 L.

Michel medium is composed of 25 mL 1 mol/L potassium citrate buffer (pH 7.0), 50 mL 0.1 mol/L magnesium sulfate solution, 50 mL 0.1 mol/L N-ethyl maleimide solution, 875 mL distilled water, and 550 g ammonium sulfate with a final pH between 7.2 and 7.4 (stored at room temperature).

É importante manter o pH do meio de transporte de 7.0 à 7.2 uma vez que pHs mais baixos podem acarretar alterações na reação e na análise.O N-etilmaleimide minimiza a atividade proteolítica e o sulfato de amônio fixa as imunoglobulinas ligantes ao tecido [Elias 1990].


Tabela retirada do trabalho original:


gm/liter*
Final molarity
(NH4)2SO4
550
3.12
N-ethyl maleimide
0.625
0.005
MgSO4  . 7H2O
1.23
0.005

* made in citrate buffer 0,025 M pH 7.0

Referência: Michel B, Milner Y, David K. Preservation of tissue-fixed immunoglobulins in skin biopsies of patients with lupus erythematosus and bullous diseases - preliminary report. J Invest Dermatol. 1972 Dec; 59(6):449-52.